A distância e o tempo afastam os amigos,
mas o que os transformam em
?ex-amigos? é o que vai pelo coração e
se esconde da face, como o fracasso
da vida que se inconforma com
o sucesso do outro...
Você tem alguma ex-amiga?
Até conhecer a história contada por uma seguidora do instagram no meu whatsapp, eu nunca havia parado para pensar que posso ter alguma ex-amiga, revi o trajeto com a sua ajuda Beth e tenho certeza que muitas pessoas irão se identificar com você.
Até aqui eu sempre achei que tinha amigos que se afastaram por coisas da vida, rumos diferentes, mas, pensando bem, passei a observar esse assunto depois que essa seguidora retratou coisas que a gente não fica pensando no dia-a-dia, porque talvez, prefira não acreditar.
A Beth (vocês não vão mesmo saber quem é) me contou que tinha uma grande amiga na adolescência e que elas sofreram muito quando se separaram, há mais de 30 anos, em razão da amiga ter ido embora para fazer faculdade.
O tempo foi distanciando as duas e elas passaram a se falar cada vez menos, ai a amiga que foi embora, se casou, teve filhos (que ela ?pensou? que seria madrinha), ambas se formaram e com o tempo também a Beth foi embora da cidade (para mais longe ainda) e a troca de mensagens passou a ser cada vez mais rara.
Após um longo período sem se falar (10 anos), a Beth que sempre pensava na amiga e sentia muitas saudades dos velhos tempos (porque os novos tempos não precisam ?deletar? os bons momentos do passado), tentou um novo contato e conseguiu finalmente falar com a querida amiga (Sandra), mas sentiu sua frieza e distanciamento.
Nesse tempo o namorado de Beth, que era também amigo de Sandra (todos da mesma cidade) começou a ?minar? a amizade ainda mais, dizendo que Sandra não era sua amiga, que só ela não percebia a ?inveja? que existia e como Sandra era uma mulher muito bonita, Beth passou a sentir ciúmes do namorado, achando que no passado ele devia ter sido apaixonado pela amiga, e imaginou que o distanciamento que sentiu no telefonema deveria ser por conta desse relacionamento ?secreto? e começou então a construir uma história em sua mente, da qual não tinha qualquer dúvida.
A cada dia que o namorado insistia em falar da amiga, Beth tinha mais certeza de que os dois andavam se falando e tendo ?um caso?.
Foi numa viagem que Beth precisou fazer, onde ficaria fora uma semana, que tudo aconteceu: O namorado disse, na ultima hora, que também iria viajar, justamente para a cidade em que Sandra morava e que ficaria 03 dias por lá.
Beth havia construído uma história mental e tinha absoluta certeza que estava sendo enganada pelo namorado e pela amiga, e já não dormia em paz, não sabia como sustentar a relação por mais tempo e, embora brigasse constantemente com o namorado por ciúmes, jamais lhe contou o que ia pela sua mente, porém, para todo lugar que ele olhava ela parecia ver Sandra, chegava a sonhar com isso e estava a ponto de explodir quando o namorado revelou que viajaria para São Paulo.
Beth decidiu que não poderia mais viver daquela forma e cancelou parte do compromisso para ir tirar a história ?a limpo?. Não teve dúvidas, foi para São Paulo e ficou vigiando o namorado. Alugou um carro para segui-lo e hospedou-se no mesmo hotel que ele estava; passou dois dias monitorando o namorado pelo telefone para confirmar se ele estaria mesmo onde dizia ir e embora ele estivesse fazendo exatamente o que dizia a ela por telefone, indo a compromissos profissionais, a cabeça dela não parava de imaginar que dentro dos locais aonde ele ia, Sandra deveria estar esperando.
Durante esses dois dias fez coisas inimagináveis para seguir o namorado, usou perucas diferentes, sentou-se na recepção do hotel por horas com um jornal disfarçando-lhe a face, subornou a arrumadeira do quarto para entrar no apartamento do namorado, ficou horas encarando uma moça que olhava para ele no bar do hotel (a moça não devia estar entendendo nada!), escondeu-se na garagem do prédio chegando a ser confundida com um delinquente (foi parar na administração do hotel e teve que se explicar), e tudo sem pegar um só deslize dele, até que no ultimo dia da inesquecível viagem, resolver telefonar para Sandra.
A amiga, como da ultima vez, a tratou com indiferença e frieza e disse que não poderia vê-la porque tinha um compromisso àquela tarde, foi quando Beth teve então certeza que o namorado e a amiga estariam se encontrando e que ela agora contaria a ele da sua estada em São Paulo.
Mais tarde, quando o namorado desceu para o saguão do hotel pela primeira vez desde então, Beth estava lá disfarçada e sendo motivo de chacota dos funcionários que já haviam percebido a situação e qual foi a sua surpresa quando ele sentou-se a mesa de uma mulher que estava de costas, era Sandra, pensou ela, mas ficou observando de longe.
Não demorou muito e o namorado estava beijando a mulher e ela sequer conseguiu reagir, os funcionários olhavam aflitos e curiosos para ver a sua reação, mas ela permanecia estática.
Ficou surpreendida quando viu que a mulher e o namorado subiriam para o quarto dele e pôde ver claramente que não se tratava da amiga, era uma colega de trabalho que ela nem sabia que tinha viajado com ele.
Todos ficaram olhando, aguardando a sua reação e ela simplesmente ?não reagiu?, ficou totalmente parada, estática como nunca, só conseguiu perceber que a moça estava hospedada no mesmo hotel e que certamente estaria com ele o tempo todo e ela, fixada na ideia que sua rival seria a amiga Sandra, nem percebeu.
Sentiu-se humilhada, como podia ter passado tanto tempo desconfiada da pessoa errada!
Depois daquela tarde Beth decidiu fazer análise e descobriu que embora estivesse enganada sobre a traição de Sandra com o namorado, ela tinha uma ex-amiga.
Imagina até hoje que pelo fato de ter se tornado uma mulher bem sucedida, do tipo que ?venceu na vida? e optado por não se casar e não ter filhos, enquanto Sandra, apesar de ter se formado naquilo que sempre quis, casou-se e teve 03 filhos, vivendo para o casamento 24 horas, era apenas ?dona de casa?, situação que abominava desde a adolescência.
Lembrou-se que a amiga dizia não suportar a vida da mãe, uma dona de casa submissa ao marido e que só viveu para criar as filhas e ela jurava que seria diferente da mãe, mas, ao contrário casou-se e ?escolheu? ser dona de casa, talvez esse fosse o real motivo da amiga ter se afastado dela e só ela não havia percebido que nesse ponto o namorado, agora, ex, tinha razão, Sandra não era mais amiga de Beth, pois não suportou ver que os sonhos de adolescência que construíram juntas ?não vingaram? para as duas e agora, o seu sucesso era o que as afastava.
Por um tempo sofreu, mas depois entendeu que a ex-amiga jamais voltaria a ser sua amiga e que precisava seguir em frente. Agora consciente de que tinha uma ex-amiga e um ex-namorado, que jamais soube do ocorrido (pois ela terminou o relacionamento sem qualquer explicação surpreendendo o namorado que nunca entendeu muito bem), ela não chegou a falar nada da traição, contudo, sentiu-se liberta do ciúmes e resolveu virar a página.
Resolvi contar aqui a historia dessa seguidora como uma espécie de prêmio a ela, por ter se transformado, e quis colocar no papel o ocorrido para que ela consiga vislumbrar de um ângulo diferente que o seu namorado não era o seu problema (acho que Beth tinha ciúmes mesmo era de Sandra) e que ele não a merecia, e que nunca foi o seu problema, era ela, Beth, que tinha que se libertar.
Sou imensamente grata por você ter compartilhado essa linda história comigo e que as pessoas possam enxergar a Beth que existe dentro de si, enciumadas, inconsequentes, que acreditam nas suas próprias fantasias, tudo para não encarar o verdadeiro problema que há por trás dos sentimentos exagerados que dominam suas vidas até a libertação pessoal, de forma que as mudanças possam vir. Mudar de dentro para fora, a partir de si próprios, eis a questão.
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