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Deise não teve uma vida fácil, muitos foram os atropelos do caminho, perdeu tempo demais com o passado e agora desejava dele finalmente libertar-se, precisava seguir seu destino e voltar ao ponto de partida parecia-lhe a melhor estratégia, na verdade não tinha estratégia alguma, estava confusa porque o passado lhe atormentou por 25 anos e a promessa não saída da sua cabeça.


Desejou rever seu grande amor, mas as lembranças da tragédia eram ainda mais fortes, mesmo 25 anos depois!


Pensou na sua querida terra natal, como sentia saudades dos seus melhores anos. Lembrou-se do Pico Agudo, a montanha sagrada do ?bicho de seda? e imaginou como teria sido passar pela vida sem ter conhecido aquele lugar ou tantos outros que povoavam as suas lembranças. Concluiu que mesmo tendo enfrentado as amarguras do passado, era feliz por ter chegado até onde chegou e que faria tudo novamente para ser exatamente quem era.


Analisou sua vida em poucos minutos e perdeu-se em lembranças gostosas da infância, mas o reencontro lhe inspirava justamente às lembranças que gostaria de apagar. A imagem do amigo Carlos veio-lhe a mente, como era um jovem feliz, como pôde acabar daquela forma! Um arrepio a assustou e decidiu mudar os pensamentos.


Então pensou em Marcos, que saudade imensa. Uma saudade que fazia doer, seria preciso se apegar a algo concreto até a hora de decidir se iria cumprir a promessa. Era isso ou ?pirar? de vez.

Mal sabia ela que o destino já estava escrito e que por mais que relutasse de nada adiantaria, pois, no momento certo, no tempo de Deus e da forma como definida o segredo seria revelado, sem que ela ou Marcos tivessem qualquer escolha, porque não dependida só deles, não mais.


Parou de pensar então, queria apenas olhar. Sentar a beira da estrada e olhar aqueles que passam era a terapia preferida de Deise. Ficar ali parada, sem dizer nada, sem pensar qualquer coisa sobre si própria, apenas olhar e imaginar a história de cada um. É o que deveríamos fazer de quando em quando para atenuar as dores, as do passado e às presentes, resultantes das feridas ainda não curadas.


Feliz de quem tem uma Deise dentro de si, uma guerreira de fibra que lutou todos os dias dos últimos 25 anos pela sobrevivência e manteve uma inquietude latente que não a deixou desistir de brigar contra os fatos, ela tinha tudo para dar errado, mas desafiou as evidências para transformar sua vida...


Seja o dono do seu caminho, seja a sua verdade e não deixe que o mundo lhe transforme a essência. Prenda os cabelos, bote o seu jeans surrado, calce um tênis e deixe para traz o que as pessoas pensam de você, suba a montanha, desafie seus limites e lá de cima sente-se, respire e aprecie a vista mais linda que seus olhos já viram... E SEMPRE, ABSOLUTAMENTE SEMPRE, CUMPRA AS SUAS PROMESSAS.