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Eu era muito jovem e ainda não tinha conhecimento suficiente para entender sobre a espiritualidade, não pensava sobre o que tem ?do lado de lá? e não tinha a mínima maturidade para lidar com estas questões, foi a vida que algum tempo mais tarde estaria me ensinando que essas visões só diminuiriam conforme eu estudasse sobre elas e com elas aprendesse a lidar.


Já contei minha trajetória antes, todos sabem que me casei muito cedo (com 17 anos) e que meu primeiro marido era muito ruim de gênio, pessoa difícil, autoritário, arrogante e egoísta, que felizmente a vida teve o capricho de mudar (hoje parece que ele está bem melhorado, mas muitas vezes me falou que ?ninguém muda verdadeiramente?, então, talvez nem ele próprio acreditasse no milagre da sua evolução).


Ele trabalhava num órgão que capacitava funcionários de empresas privadas e vivia viajando para dar cursos (ironia do destino hoje eu também atuo com capacitação, só que de servidores públicos) e eu ficava muito tempo sozinha, coisa que eu ?detestava? porque sempre tive muito medo de dormir sozinha.


Meu primeiro marido (e pai do meu filho mais velho), também era excessivamente materialista e tinha um apego impressionante pela casa em que morávamos (por incrível que pareça fui eu quem a escolhi) e que ele mora até hoje com a sua nova esposa.


Ele adorava mexer nas plantas, arrumar pessoalmente o que estragava, cuidar dos jardins (por isso sempre consegui enxergar seu lado bom, quem cuida das plantas não pode ser uma pessoa má) e tínhamos dois enormes cachorros, Amanda e Tieta.


Naquela casa eu vivi minhas maiores experiências sobrenaturais, comecei ouvindo e depois passei a ver espíritos e em algumas situações meu filho também escutava o que eu escutava, ele era muito pequeno (e hoje não se recorda mais desses tempos), mas houve situação em que eu escutei ele perguntando de madrugada, quem estava no quarto dele e eu sabia (porque já tinha ouvido também) que era algum espírito.


Eu não sei por que, mas penso que havia uma legião de espíritos empenhados na nossa separação, parecia que eu ?atrapalhava? a obsessão deles sobre o meu marido e também a do meu marido por aquela casa.


O fato é que nas noites que eu estava sozinha sempre ouvia barulho fora de casa, no quintal. Escutava pessoas pulando na piscina e nadando, ouvia o barulho da água e no silêncio da madrugada escutava quando estes espíritos chegavam, as vezes estava dormindo e acordava com o barulho de passos pulando de cima do muro na calçada e a princípio chegava a pensar se tratar de ladrões.


Quem já passou por isso vai entender o que falo, os barulhos são absolutamente reais e nos confundem como se pessoas ?vivas? estivessem ali.


Os cachorros as vezes latiam bravos, sempre quando os espíritos chegavam, e depois de um tempo silenciavam e assim minhas noites pareciam eternas e eu não dormia e nem conseguia me mover, o medo era tão grande que eu não fazia nada. Me recordo de não conseguir dormir e de tornar as viagens do meu marido cada vez mais insuportáveis, porque quando ele retornava eu me isolava, ao invés de conversar sobre o assunto.


Naquela casa eu também vi uma pessoa baixinha ao lado da minha cama algumas vezes. Acordava com ela olhando para mim e gritava apavorada, quando meu marido estava ao meu lado na cama (porque algumas raras vezes eles apareciam quando eu não estava sozinha) eu logo me acalmava.


E assim os anos foram passando, eu escutava portas de moveis sendo abertas e espíritos pulando na piscina e já não falava com as pessoas sobre isso, não queria que me vissem como uma pessoa desequilibrada, foi assim que fui, aos poucos, aprendendo a lidar com essas visões e a minha espiritualidade foi evoluindo para o sonho.


Com o tempo passei a encontrar em sonhos pessoas que haviam morrido, e a conversar com elas e foi através de sonhos que descobri quem foi meu filho em uma vida anterior, mas esta história eu vou contar em outra oportunidade, hoje eu passei por aqui para abrir as portas do sobrenatural para compartilhar histórias vivenciadas com outras pessoas que passaram (ou passam) por isso sem ter com quem contar, se achando ?loucas? e pior, muitas vezes duvidando de suas próprias visões ou sonhos, o que eu entendo ser o pior erro que se pode cometer.


É preciso primeiramente entender que existem muitas outras pessoas que passam pelas mesmas experiências e que nessa situação não estamos sozinhos; segundo que o estudo da doutrina e o ?compartilhar? estas histórias nos leva as explicações que precisamos e a maturidade necessária para ?lidar com essas experiências?, eu, hoje, décadas depois das minhas primeiras visões, já lido com a situação de forma a não ter o mesmo medo de antes dos espíritos que vejo (alguns ainda me assustam), algumas vezes eles tentam incorporar em mim, mas eu já nem acordo meu marido (antes eu gritava e não deixava ele dormir), e já consigo até ignorar estas presenças.


Mas quero finalizar alertando que essas experiências, se não soubermos lidar com elas, pode nos fragilizar e ainda afetar os nossos próximos, como acontece as vezes com os meus filhos, é por isso que decidi criar este quadro e compartilhar histórias, assim através das situações que já vivi, talvez eu possa ajudar outras pessoas e outras pessoas que queiram compartilhar as suas experiências, ajudar outras, e quem sabe possamos formar uma grande rede que tornará esta missão mais simples.