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Você viu, eu sei, mas enxergou alguma coisa? Faz muito tempo que seus olhos estão cegos...


A história desta semana é um pouco triste e eu resolvi contar porque serve de exemplo para quem vive a reclamar da vida, para àqueles que não veem alegria em nada e que em tudo procuram justificar os seus próprios erros, mas jamais os reconhecem...


Rose me falou da sua tristeza, mas eu nem sei se conseguirei contar esta história direito, acho que me contaminei com a sua dor.


Era tarde e Rose não costumava ficar acordada até altas horas, mas ela estava aflita com o próximo dia, queria que amanhecesse logo e então adormeceu meio que recostada na cama e teve um sonho, sonhou que estava sentada na beira de uma estrada e de longe avistava um vilarejo, parecia um lugar lindo, desses de filmes, perdido como uma cidade encantada.


Não demorou e ela viu sua mãe que já havia morrido há mais de 10 anos e então, como se estivesse com ela ainda ontem lhe pediu um conselho, perguntou a mãe se deveria ir à casa da amante do marido no dia seguinte, porque havia decidido conversar sobre Marcelo e ela iria pedir a separação, mas antes queria entender porque o marido há estava traindo há tanto tempo com uma mulher tão comum, dessas que não tem ?graça alguma?, precisava olhar para a amante do marido e dizer que ele era um homem abominável, autoritário, ?Pão duro?, controlador e que seria um enorme prazer se livrar dele. Ela tinha planejado dizer tudo isso e ainda perguntar por que a mulher fez de tudo para se meter na vida dos dois.


A mãe a olhou sério e disse: _ Minha querida filha, porque você insiste em colocar sempre a culpa nos outros, porque não admite que a sua rival não é sem graça, e que seu marido já não suportava mais te esperar retornar do trabalho, e que mesmo quando você estava em casa, não estava com ele!


Rose acordou assustada e teve vontade de gritar com a mãe, foi quando se recordou que ela já havia partido dessa vida há tanto tempo! Acendeu a luz para procurar o marido que dormia no outro quarto e ao sair da cama se deparou com ele sentado na escada com um copo de leite na mão.


_ O que você está fazendo ai Marcelo?


_ Pensando na minha vida, lembrando de quando nos casamos e do quanto você mudou, do quanto se afastou de mim e abandonou nossos sonhos e do quanto eu, agora, já não consigo mais te amar, porque tudo está muito claro para mim, eu não te amo mais, mas eu não queria que fosse assim, queria te amar, não queria que nossa família e nossos sonhos se acabassem...


Rose começou a chorar, queria abraçar o marido, mas parecia que uma força maior a afastava, uma mão invisível, e então ela gritou: _ Porque você fez isso comigo?


Mas antes que ela continuasse, ele lhe respondeu:


_ Eu não fiz nada com você, foi você que se afastou de todo mundo, inclusive de você mesma e agora eu não quero mais perder meu tempo, amanhã vou embora e quero que você seja feliz, fique com os planos que construiu sozinha e adianto, não há mais nada que você possa fazer, a situação é irreversível. Desculpe.


Até hoje Rose lembra com tristeza desse momento e me contou que não conseguiu abraçar o marido, era como se tivesse construído um muro invisível entre eles. No outro dia ele se foi ainda antes dela se levantar e ela decidiu que não iria falar com a amante do marido, preferiu deixar tudo como estava e seguir em frente, pois sua mãe havia lhe dito, assume a sua culpa e pare de culpar os outros, siga em frente e não olhe para traz.


Quando Rose me contou sua história ainda havia tanta dor em sua alma que eu pude sentir de longe. Queria poder ajudar, mas a única coisa que pude fazer foi sentar e escrever a sua história para compartilhar com outras pessoas que se acostumaram a se colocar na situação de vítimas, sem jamais olhar para suas próprias atitudes e tentar mudar.


Eu sinto que alguma coisa em você mudou minha querida seguidora, mas acho que ainda não foi o bastante para que compreenda o que ainda precisa mudar, virar a pagina é preciso, é isso que lhe falta, seguir em frente.


Forte abraço.